Os Debates da Mostra CineBH 2022

Os Debates da Mostra CineBH 2022

Sobre a “latinoamericanização do festival”

Por Vitor Velloso

O debate sobre a temática desta edição da CineBH 2022 aconteceu no Cine Humberto Mauro (site aqui), onde estavam presentes: Cleber Eduardo – Coordenador da equipe de curadoria da 16ª CineBH | Brasil, Eva Cáceres – Produtora Punto de Fuga Cine| Argentina, Yvette Liang – Chefe da cátedra de produção EICTV | Cuba/Colômbia, Micaela Solé – Produtora Cordón Films| Uruguai, Paulo de Carvalho – Produtor Autentika Films, Colaborador Brasil CineMundi | Alemanha, com mediação de Ester Fer – Integrante da equipe de curadoria Mostra Latino-americana Continente 16a CineBH | Brasil. 

O texto de apresentação desse encontro, divulgado na programação, procurou sintetizar os encaminhamentos do debate:

“O cinema latino-americano sempre teve limites e dificuldades de produção e de circulação, dentro e fora de seus países. Nas últimas décadas, as coproduções internacionais ganharam maior destaque, não apenas por meio de parcerias com Europa ou Ásia, mas também por meio de associações entre empresas e fundos de diferentes países da América Latina. Para produções de alguns países, com tímida participação estatal direta ou indireta no financiamento de filmes, as coproduções são a saída. Também são uma estratégia mirar outros mercados e olhares. Qual o espaço e lugar do cinema latino-americano como conjunto de filmes nos mercados e nos festivais internacionais? Existe algum país ou mercado mais aberto a essa produção? Quais são hoje os países mais organizados em suas políticas e instituições públicas diretamente relacionadas ao cinema? Percebem algum país em destaque com filmes de repercussão em diferentes territórios? Qual o momento das produções da América Central?” 

Leia também:

Tudo Sobre a Mostra CineBH 2022

Saiba tudo o que aconteceu na Abertura do CineBH 2022

Tudo o que aconteceu na Mostra CineBH 2022

Após uma fala inicial de Ester Fer, Cleber Eduardo comentou sobre a “latinoamericanização da CineBH”, explicitando que a presente edição da Mostra não era uma exceção, mas sim um movimento que seria seguido nas próximas edições. Mas para a linha da conversa, Cleber procurou expor duas perguntas como centro de reflexão: “O que é a América Latina? O que é a internacionalização?”. Essa questão foi central na exposição do curador, pois procurou criar limites dentro destes conceitos. Em sua compreensão, a América Latina é um processo exterior, fora de questões da identidade. E para ele, a internacionalização possui várias tonalidades, sendo elas co-produções independentes, co-produções com fundos europeus, co-produções entre países latino-americanos etc. Ao fim da fala, procurou esclarecer que a curadoria da 16ª CineBH 2022 programou alguns filmes que não foram contemplados pelos grandes festivais europeus, daí a importância de ter a possibilidade de conferir suas exibições. 

16 CineBH 2022

Ester Fer inicia sua fala lembrando que parte dos longas selecionados não terão circulação no circuito comercial, e dos que conseguem, 3% dos filmes ficam 1-2 semanas em cartaz. Além disso, ressaltou que ao longo de sua experiência profissional, pode notar que quase todos os projetos que ela tem contato, buscam co-produção com países europeus. Parte deste cenário, segundo Esther, se modificou um pouco nos últimos dois anos, com uma maior quantidade de co-produções entre países latino-americanos.  

Micaela Solé procurou definir como a produção e a distribuição são momentos distintos da internacionalização. Em seguida, faz uma crítica direta ao conceito de livre-mercado e como essa mentalidade modificou as estruturas de negociação no mercado cinematográfico. Lembra também dos agentes de vendas, que procuram acelerar essa “internacionalização” dos filmes,  mesmo que em circuitos alternativos. 

Eva Cáceres abriu sua fala lembrando de um artigo escrito por Victor Guimarães e como teve contato com esse debate a partir de uma perspectiva mais teórica. Como produtora, admite que há modificações no projeto, já visualizando as possibilidades em festivais de cinema específicos, onde os projetos conseguirão participar de rodadas de negócio e tentativas de distribuição para outros países. Ao falar da particularidade de Córdoba, no mercado cinematográfico, cita que a cidade possui leis de incentivo próprias, o que permite retirar uma certa dependência direta com Buenos Aires. Segundo Eva, 95% dos filmes argentinos vêm da capital. 

Paulo de Carvalho, levou o debate para um outro campo, a coprodução entre Alemanha e países da América Latina. Em sua experiência, relata que uma de suas tentativas é de fugir de certos clichês de como a América Latina é representada nas telas, já que há uma certa padronização nesse sentido, a ideia é procurar projetos cada vez mais autorais.

Pix Vertentes do Cinema

Deixe uma resposta